Alimentar o futuro: Por que a nutrição de precisão em leitoas é a base do sucesso nas granjas de matrizes suínas?

30-Jul-2025
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A estratégia nutricional aplicada durante a fase de desenvolvimento das leitoas desempenha um papel fundamental em sua produtividade ao longo da vida, longevidade e reprodução.

Nas granjas modernas de matrizes suínas, as bases do sucesso devem ser estabelecidas muito antes de uma fêmea desmamar sua primeira leitegada, e até mesmo antes de uma leitoa ingressar no rebanho reprodutivo. A estratégia nutricional aplicada durante a fase de desenvolvimento das leitoas desempenha um papel fundamental em sua produtividade ao longo da vida, longevidade e eficiência reprodutiva. Alimentar as leitoas de forma precisa e adequada já não é uma recomendação: é uma necessidade para alcançar granjas sustentáveis e de alto desempenho.

Este artigo explora as oportunidades e considerações práticas para implementar um programa de alimentação voltado às leitoas, destacando como os investimentos nutricionais precoces podem se traduzir em benefícios econômicos, reprodutivos e de bem-estar a longo prazo. Também analisa como os avanços tecnológicos permitem aos produtores enfrentarem esse desafio com mais eficiência e eficácia.

Ao priorizar hoje estratégias alimentares adequadas para as leitoas, lançamos as bases para uma granja mais saudável, mais produtiva e mais rentável no futuro.

Gestão tradicional da reposição: alimentação uniforme, resultados desiguais

O desenvolvimento das fêmeas de reposição é uma das etapas mais determinantes na vida de uma matriz, e a nutrição desempenha um papel central em seu desempenho a longo prazo.

Objetivos nutricionais nas granjas de reposição

Tradicionalmente, as leitoas são alojadas em Unidades de Desenvolvimento de Leitoas (GDU, da sigla em inglês Gilt Development Unit) antes de entrarem no rebanho reprodutivo, sendo agrupadas e alimentadas com base na idade. A idade de entrada na GDU varia de acordo com o sistema de produção: algumas granjas compram fêmeas de reposição, outras se abastecem por multiplicação interna, ou as recebem de um núcleo específico de multiplicação. Em todos os casos, durante essa fase, há pouco monitoramento individual ou coleta de dados.

Limitações das práticas alimentares tradicionais

Como consequência, os programas alimentares costumam ser padronizados para grupos, atendendo às necessidades médias, e não individuais. Devido a limitações tecnológicas e logísticas, as leitoas geralmente têm acesso ad libitum à ração durante toda sua permanência na GDU. Qualquer ajuste é baseado em médias históricas, pesagens periódicas e avaliações visuais.

O principal objetivo da GDU é preparar as leitoas para a integração ao rebanho reprodutivo. Isso inclui atingir um peso corporal alvo de cerca de 136 kg (300 lb), dependendo da linhagem genética, e alcançar a maturidade sexual, idealmente tendo demonstrado pelo menos um ciclo antes da inseminação. Sem ferramentas de precisão, variações na condição corporal, taxas de crescimento, estado sanitário ou aptidão reprodutiva geralmente passam despercebidas. Isso gera diferenças no momento de entrada no rebanho e pode aumentar o risco de descarte precoce ou falhas reprodutivas.

A possibilidade de alimentar individualmente as leitoas representa uma grande vantagem, especialmente para produtores que estão iniciando novas granjas ou enfrentando fechamentos por problemas sanitários. Nesses contextos, ajustar o crescimento das leitoas é fundamental para sincronizar sua preparação com as necessidades do rebanho e os calendários de cobertura. Um sistema de alimentação individualizada permite manter a uniformidade e alcançar os objetivos produtivos mesmo diante de situações imprevistas.

O que os dados nos dizem?

Alcançar um peso-alvo em uma idade específica não é tarefa fácil com as linhagens genéticas atuais, caracterizadas por alta velocidade de crescimento e ingestão. Segundo Faccin et al. (2022), a alimentação ad libitum durante essa fase pode favorecer problemas de conformação estrutural (Farmer, 2018). De acordo com de Koning et al. (2013), o risco de osteocondrose aumenta 20 % a cada 100 g de incremento no ganho médio diário (GMD) após as 10 semanas de idade em animais alimentados ad libitum.

Riscos da restrição alimentar excessiva

Uma estratégia para conter o crescimento das leitoas consiste em reduzir a relação lisina/energia da dieta. Foi demonstrado que essa medida melhora a qualidade estrutural (Quinn et al., 2015) e aumenta a proporção de leitoas que alcançam um peso corporal ideal no primeiro cio, embora possa atrasar a puberdade (Lents et al., 2020). Outra opção é incorporar fibra em dietas ad libitum, embora sejam necessários níveis altos e possa haver ingestão compensatória (Helm et al., 2021). Também foi observado que restringir a alimentação entre 20 % e 25 % pode desacelerar o crescimento, embora estudos anteriores tenham indicado efeitos negativos sobre o desenvolvimento mamário na puberdade (Farmer et al., 2004). De fato, uma restrição excessiva pode comprometer o desenvolvimento da glândula mamária (Sorensen et al., 2002).

Estudos mais recentes de Gregory (2021) concluem que uma restrição de 20 % do dia 90 até a cobertura não afeta a produção de leite, provavelmente porque as linhagens genéticas modernas são mais magras, mais eficientes e com maior potencial de ingestão. Em conjunto, esses resultados sugerem que, embora uma nutrição deficiente possa comprometer o desenvolvimento mamário e a puberdade, a alimentação ad libitum nem sempre é necessária e pode predispor ao sobrepeso na primeira cobertura, com pesos adultos mais elevados (maior custo alimentar ao longo da vida) e maior risco de claudicação.

Como a tecnologia pode ajudar?

Alimentação automatizada e identificação por RFID

“Implementar programas de desenvolvimento voltados à seleção de leitoas com alto potencial reprodutivo, garantir o número de animais necessário ao sistema, e uma gestão e nutrição adequadas, é fundamental para alcançar um rebanho de qualidade e produtivo.” – Jamil Faccin, KSU.

Os avanços em tecnologia de precisão abriram novas possibilidades para gerir com eficácia a alimentação das leitoas. Ferramentas como sistemas de alimentação automática com identificação por radiofrequência (RFID) permitem o registro de dados em tempo real, viabilizando estratégias individualizadas que antes eram impensáveis em alojamentos coletivos. Esses sistemas permitem controlar a ingestão, acompanhar o crescimento e monitorar o estado geral de cada animal, com ajustes precisos nas dietas e no manejo. Além disso, os alimentadores automáticos com mistura dinâmica podem fornecer nutrientes de forma contínua e progressiva, em vez de usar fases rígidas. Com esse nível de controle, supera-se o modelo de “alimentar pela média”. O resultado é uma entrada mais homogênea no rebanho e menor risco de superalimentação ou subalimentação.

Comportamento animal e nutrição personalizada

Seja você um produtor comercial, uma empresa de genética ou um centro de pesquisa, as plataformas de software integradas aos sistemas automáticos fornecem dados valiosos sobre comportamento, eficiência alimentar e ingestão de nutrientes. Essa abordagem baseada em dados permite que produtores e nutricionistas otimizem as dietas com base no desempenho real de cada leitoa, e não em médias de grupo. Isso melhora a preparação para a cobertura, a uniformidade na entrada e a produtividade a longo prazo.

De uma gestão reativa para uma gestão proativa

Incorporar tecnologia no desenvolvimento das leitoas permite passar de uma gestão reativa para uma estratégia proativa, garantindo que a próxima geração de matrizes esteja melhor preparada para atender às exigências da produção suína moderna. A nutrição de precisão em leitoas já não é um luxo: é um investimento estratégico no futuro do plantel. Com o uso da tecnologia e sua versatilidade, é possível superar as limitações dos modelos tradicionais de alimentação na GDU e construir uma base mais sólida para o futuro.

Mais informações sobre estratégias e soluções nutricionais para leitoas (inglês)

Contato: Quer dar o próximo passo na nutrição de leitoas? Nossa equipe está à disposição para projetar e implementar estratégias de alimentação de precisão adaptadas à sua granja.

Referências

Faccin JEG, Tokach MD, Goodband RD, DeRouchey JM, Woodworth JC, Gebhardt JT. Gilt development to improve offspring performance and survivability. J. Anim. Sci. 2022 Jun 1;100(6):128. doi: 10.1093/jas/skac128. (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35708589/)

Farmer, C. 2018. Nutritional impact on mammary development in pigs: a review. J. Anim. Sci. 96:3748–3756. doi: 10.1093/jas/sky243 https://academic.oup.com/jas/article-abstract/96/9/3748/5038197?redirectedFrom=fulltext

Farmer, C., Petitclerc D., Sorensen M. T., Vignola M., and Dourmad J. Y. 2004. Impacts of dietary protein level and feed restriction during prepuberty on mammogenesis in gilts. J. Anim. Sci. 82:2343–2351. doi: 10.2527/2004.8282343x https://academic.oup.com/jas/article-abstract/82/8/2343/4790607?login=false

Gregory, N. 2021. The effect of moderate energy and protein restriction during gilt development on body composition and subsequent lactation performance [MSc thesis]. Guelph, ON (Canada): Animal Bioscience Department, University of Guelph; 83 pp. https://atrium.lib.uoguelph.ca/server/api/core/bitstreams/1704df69-ea27-4e54-9bbe-67afbbe61914/content

Helm, E. T., Patience J. F., Romoser M. R., Johnson C. D., Ross J. W., and Gabler N. K. 2021. Evaluation of increased fiber, decreased amino acids, or decreased electrolyte balance as dietary approaches to slow finishing pig growth rates. J. Anim. Sci. 99:skab164. doi: 10.1093/jas/skab164 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34014285/

de Koning, D. B., van Grevenhof E. M., Laurenssen B. F. A., van Weeren P. R., Hazeleger W., and Kemp B. 2013. The influence of dietary restriction before and after 10 weeks of age on osteochondrosis in growing gilts. J. Anim. Sci. 91:5167–5176. doi: 10.2527/jas.2013-6591 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23989871/

Lents, C. A., Supakorn C., DeDecker A. E., Phillips C. E., Boyd R. D., Vallet J. L., Rohrer G. A., Foxcroft G. R., Flowers W. L., Trottier N. L., et al. 2020. Dietary lysine-to-energy ratios for managing growth and pubertal development in replacement gilts. Appl. Anim. Sci. 36:701–714. doi:

10.15232/aas.2020-02016 https://www.researchgate.net/publication/345843893_Dietary_lysine-to-energy_ratios_for_managing_growth_and_pubertal_development_in_replacement_gilts

Quinn, A. J., Green L. E., Lawlor P. G., and Boyle L. A. 2015. The effect of feeding a diet formulated for developing gilts between 70kg and ~140kg on lameness indicators and carcass traits. Livest. Sci. 174:87–95. doi: 10.1016/j.livsci.2014.12.016 https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1871141315000025

Sorensen, M. T., Sejrsen K., and Purup S. 2002. Mammary gland development in gilts. Livest. Prod. Sci. 75:143–148. doi: 10.1016/S0301-6226(01)00310-4 https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301622601003104

 

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